quinta-feira, 2 de abril de 2009

Barbárie, crime contra o contribuinte


Devidamente comemorado o quadragésimo quinto aniversário do Golpe Militar de 64, o governo Lula sinaliza, novamente, um flerte com os ideais autoritários dos militares. Dessa vez, o ensino superior é o furo no bolso do contribuinte.

Placas instaladas no Rio de Janeiro sinalizam, além do contingente de militares mortos por militâncias esquerdistas, o suntuoso sepultamento da opção facultativa cabível àqueles pagadores de impostos incensáveis. Deixe-me explicar:

Esta sendo discutida a unificação dos vestibulares de escolas federais de ensino superior, à partir de uma prova no estilo Enem com 200 questões, divididas em dois tomos, e uma redação. Quanto um projeto desse gabarito entra em discussão, já está praticamente acertado, só faltam alguns detalhes burocráticos para rodá-lo permitindo que o Ministério da Educação (MEC) unifique já em 2010 os vestibulares mantidos pela União. O ministro Fernando Haddad expõe que as mudanças foram escoradas no sistema de universidades estadunidenses, visando fazer um exame único e nacional que permitiria ao candidato escolher a faculdade de acordo com sua pontuação.

Essa nacionalização da prova permitiria o acesso daquele aluno que não tem condições financeiras de matricular-se em diversos vestibulares (que cobram taxas abusivas, por sinal) nem tampouco de viajar para preencher o calendário da provas. "Queremos uma prova que combine vestibular e Enem, corrigindo as distorções hoje existentes. O Enem pergunta bem, mas carece de conteúdos. O vestibular tem conteúdo, mas distorce na hora de perguntar", diz Haddad sobre o estilo “decoreba” dos atuais vestibulares, alegando uma possível humanização nesse processo de “triagem para o ensino superior”.

O que nota-se no entanto, é apenas a facilidade de uma vaga garantida nas faculdades federais, o que causaria uma super-lotação que daria um sinal verde para politicagens possíveis na próxima eleição presidencial. Constituindo-se além de tudo, como uma forma do governo Lula perpetuar-se no poder por tanto tempo a mais, essa nova medida acarretará futuramente no “nivelar por baixo” da educação superior. As faculdades super carregadas de alunos receberão o mesmo contingente financeiro dedicado atualmente aos estudos, o que trará consequências imprevisíveis quanto à qualidade da pesquisa científica nas universidades, que já não apresenta grandes predicativos.

Essa política aparentemente revolucionária reflete naquilo que vivenciamos durante da ditadura militar: um modelo de escola fundamental inspirado no modelo norte-americano. Reformaram-se os três níveis de ensino (fundamental, médio e superior), expandiu-se a rede física e o número de vagas nos estabelecimentos escolares. A rede física foi expandida, um maior número de pessoas pôde freqüentar a escola e nela aprendiam que o Brasil era um país democrático, católico e alinhado ao mundo Ocidental, tornando-se assim o contingente de mão-de-obra dócil parar marca de ferro e chicote no lombo. Dessa forma, o governo Lula, sob uma tênue máscara democrática e uma imprensa dependente de aprovação de leis, nivela mais uma vez a educação apenas para sub-vale o esforço daqueles que sempre levaram pedras e paus em nome da nação: o contribuinte.

Mais uma afronta ao bolso do cidadão brasileiro em dia com suas contas e impostos absurdos. No país com a maior arrecadação fiscal DO MUNDO (!) e uma das mais vergonhosas administrações de verbas públicas DO MUNDO (!), enfatiza-se cada vez mais a necessidade da classe média arcar com suas necessidades, defendidas na Constituição “cidadã” de 1988, com o dinheiro restante das inúmeras contribuições ao Estado. Os juristas e advogados afirmam que todos temos a faculdade de escolha sobre as decisões cotidianas, ou seja, decidimos sobre o sim ou não de acordo com nossas necessidades! Acontece que, se um Estado invisível como o brasileiro não propicia saúde, segurança, transporte e educação àqueles que tanto lutam contra o leão, não nos resta faculdade nenhuma sobre nossas decisões, resta apenas a necessidade! Com essa nova medida, some de vez a nossa faculdade de optar por uma faculdade de qualidade financiada pelo estado, já que estas em breve se tornarão de qualidade equivalente ou inferior às escolas públicas.

Esse regime de auto-promoção da iniciativa pública tangencia os planos eleitoreiros para a candidatura da atual ministra Dilma Rousseff à presidência da República. Os reitores das faculdades buscam discutir sensatamente as mudanças a serem realizadas no plano educacional brasileiro. Porém os ministros, sentindo a pressão das eleições, cada vez mais próximas, buscam apressar essa aprovação para se obter resultados palpáveis em um ou dois anos.

Dessa forma, já será previsível a campanha política da ministra, cujo rosto reluzente, sem rugas nem expressões faciais aguarda esperançoso a hora de sentir o gostinho do poder. Um governo sem ideologias sem perpetua no poder: quem poderá nos salvar?



Um comentário:

Comentador Fiel disse...

Taí, é uma boa ideia, mas como boa parte das ideias, está tendo uma execução porca e mal planejada.

Em um curso de uma Federal por exemplo, foram duplicadas as vagas, sem nem ser duplicado o espaço e muito menos o número de professores. E o resultado muito provavelmente será a piora na educação.

Lamentável.