sexta-feira, 31 de julho de 2009

Agosto

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Mas, em muitas noites, pelas ruas desertas de Santa Fé, vagueava apenas o vento, "uivando como um cachorro louco", como dizia Maria Valéria.
Certa manhã, a velha arrancou mais uma folhinha do calendário - Julho, 31. Sexta-feira - e pensou: "Agosto, mês de desgosto".
Érico Veríssimo
O Arquipélago vol.2 (O tempo e o vento)
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Hoje é dia 31 de Julho, e por mais uma das incríveis coincidências que vem me seguindo, uma sexta feira! Espero que tudo isso seja um bom sinal.
Ainda não é hora para uma resenha sobre o autor



quarta-feira, 29 de julho de 2009

To enrolado

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Tosse, catarro, febre, dores de cabeça e nos ligamentos, boca seca, palpitações seguidas de tremedeira e alucinações. Calma minha gente, não estou com gripe suína -pelo menos até agora nada. O que eu tenho é chamado ANSIEDADE e são muitos os fatores que me deixam assim...
Tudo começou com minha infeliz reprovação na Fuvest ano passado, me obrigando a tentar novamente (Vestibular é que nem Carnaval: tem todo ano... e todo ano agente dança) o ingresso para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, a gloriosa FAU. Isso já seria um grande motivo de preocupação, afinal, seria um ano completo de estudos pesados, como de fato está sendo. Agora, tudo ocorreria às mil maravilhas se eu não fosse tão azarado como sou, esse tal de Acaso insiste em me zoar sempre que possível -e ultimamente ele anda tirando sarro da minha cara. Como se não bastassem as tantas e tão severas mudanças em sequência, renovando por completo a máscara do sistema de triagem de alunos, viria logo em seguida a maldita crise, interpelada por um ou outro ditador maluco lançando bombas e matando jovens, sem esquecer, claro, da nova febre: a gripe suína.
Um ano de cursinho sempre foi um ano especial para aqueles que resolvem estudar alguma vez na vida, contudo, não esperava que esse ano fosse tão especial assim! Somos tão cobaias, e não temos outra opção, afinal, quem não quer entrar na faculdade, ein? A regra é dançar ao som da música, no caso, 4'33 de John Cage (tente dançar...). São tantos experimentos, e além de sermos obrigados a testar as mudanças tão severas, devemos conviver com as inseguranças na economia, as elevadíssimas temperaturas, os políticos - são tantos: os centenários, os terroristas, os dorminhocos e os que nem existem!-, e agora temos que levar sempre alcóol gel e máscara, o kit gripe! Ainda assim, no meio disso tudo, temos que arranjar tempo de aprender matemática e tomar banho! Alguém aguenta?
O que me conforma, é que estamos todos juntos neste mesmo barco. E no momento ele está indo a pique.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Coelho

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Esse blog não tem o intuito de elevar nem subjugar autor, artista, músico ou qualquer outra pessoa, apenas expresso minhas opiniões em torno das formas de mídia que tenho contato. No caso, acabo de terminar a leitura da biografia de Paulo Coelho, O Mago, escrito pelo fabuloso Fernando Morais -Chatô, o Rei do Brasil (1994), Olga (1985). Faço esse post especial para começar uma nova fase nesse site: vou procurar aliar sempre algum post, com uma dica de livro, filme, música ou arte. Sempre que possível disponibilizarei algum link para download, foto ou trecho para ter contato com a dica. Além de proporcionar alguma interatividade com os frequentadores deste, busco dividir aquilo que me deu tanto prazer por algum período.
Para começo, este livro parece uma ótima opção, não só pelo fato de ter sido terminado hoje, mas também por ser regido pela vida do escrito mais polêmico na literatura brasileira do século 21. O livro retrata com clareza cortante, e verdades muitas vezes inconvenientes, a vida digna de filme de ficção que Paulo levou. Fernando Morais não poupa o biografado em momento algum expondo as internações em sanatórios, experiências com homossexualidade, satanismo, ocultismo e bruxaria, além dos numerosos romances que Coelho envolveu-se.
Daquelas grossas brochuras que quando se pega para ler, não se quer mais parar, Morais executa mais uma vez com encantadora capacidade o trabalho árduo de biografar uma personalidade tão controversa. Pelo método claro e coeso que o livro é escrito, torna-se quase impossível largá-lo, à medida que a trama parece cada vez mais profunda e chocante. Um livro para ler em uma semana relaxante, junto com o friozionho de invernos românticos com alguém que realmente te faz sentir confortável, pois a vida de Paulo Coelho de conforto nada vai trazer-lhe.


Nota: 9,5 coelhos rajados na mata (0-10)
(clique para baixar os livros de Paulo Coelho)

Biografia

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O presidente Lula tem razão:
Sarney não é igual à maioria
dos brasileiros. Ainda bem.
Quem é Sarney? Ele é o
símbolo maior do atraso(...)
Marco Antonio Villa
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Concluo que não há porque ser cauteloso com a biografia do investigado José Sarney -tão diferente da maioria da população, como sintetizou o presidente Lula-, após ler o artigo de Marco Antonio Villa (O outono do patriarca, 27/8), que trata-se da própria.


  • Leia na íntegra aqui:
TENDÊNCIAS/DEBATES

O outono do patriarca
MARCO ANTONIO VILLA



NA PRESIDÊNCIA do Senado, José Sarney conseguiu o impossível: ser pior do que alguns dos seus antecessores, como Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho e Renan Calheiros, que acabaram defenestrados. Todos negaram as acusações que pesavam sobre eles. Pareciam inabaláveis, tal qual Sarney.
Porém, o velho coronel do Maranhão está conseguindo se manter no cargo por mais tempo do que seus velhos amigos. Afinal, como disse o presidente Lula, ele não é igual a nós, ele tem uma história. Lula tem razão: Sarney não é igual à maioria dos brasileiros. Ainda bem. Quem é Sarney? José Ribamar Ferreira de Araújo Costa nasceu em 1930, ano da revolução que mudou o Brasil. Paradoxalmente, ele é o símbolo maior do atraso, do passado que nunca passa, da antirrevolução.
Fez a pequena política local até chegar, em 1958, ao Rio de Janeiro, como deputado federal, ainda jovem, eleito pela UDN. Participou pouco dos debates, nunca foi um bom orador. A voz soava mal, as ideias eram ultrapassadas e sem nenhuma novidade, o raciocínio era lento e era pobre sua linguagem gestual. Não tinha nada que o destacasse.
Na grave conjuntura de 1963-1964, raramente apareceu nos debates. Omitiu-se. Preferiu as sombras, aguardando hora mais tranquila. Candidatou-se ao governo do Maranhão em 1965 e venceu com o apoio dos novos donos do poder, os militares. Depois foi para o Senado -e lá ficou por quase 15 anos.
Se consultarmos os anais daquela Casa, raramente veremos Sarney participando de um debate. A sua preocupação central não eram os grandes problemas nacionais, nada disso. Seu pensamento e sua ação política estavam na província. Controlava as nomeações e os recursos orçamentários. Dessa forma, conservou sua força política local graças à influência que mantinha na capital federal.
Mas o coronel era hábil. Não queria ser um novo Vitorino Freire, o mandão que o antecedeu. Buscou dar um verniz intelectual ao poder discricionário que exercia na província. Isso pode explicar a publicação de romances e contos, a entrada para a Academia Brasileira de Letras e o estabelecimento de amplo círculo de relações sociais com intelectuais e jornalistas.
No Sul do país mostrava seu lado cosmopolita, falando de poesia e filosofia. Na província voltava ao natural, não precisava de nenhum figurino: era o senhor do baraço e do cutelo. Que digam os oposicionistas -e foram tantos- que sofreram a violência do mandão local. Lá, durante mais de 40 anos de poder, o interesse público nunca esteve separado do interesse da família Sarney e de sua parentela.
Por um acaso da história, acabou presidente da República. Durante os comícios da Aliança Democrática, em 1984, ficava escondido no palanque. Quando era anunciada a sua presença, era vaiado impiedosamente. Afinal, servira fielmente o regime militar por 20 anos.
A sua Presidência foi um desastre completo. Três planos de estabilização econômica. E todos fracassaram. Terminou o governo com a inflação próxima de uma taxa de 100% ao mês. Omitiu-se quanto aos principais problemas. No ocaso do governo foi instalada no Congresso Nacional uma CPI para apurar casos de corrupção, com graves acusações à gestão presidencial e a sua família, em especial seu genro, Jorge Murad.
O desprestígio era tão acentuado que nenhum candidato às eleições presidenciais de 1989 -e eram mais de uma dúzia- buscou seu apoio. Mas o oligarca sobreviveu. Buscou um mandato de senador no recém-criado Amapá. Precisava como nunca da imunidade parlamentar.
O tempo passou e a memória nacional foi se apagando, como sempre. O oligarca, em uma curiosa metamorfose, transformou-se em estadista. Encontraram até qualidades no seu período presidencial. Não tinha sido um indeciso. Não, nada disso. Fora um conciliador, avalista da transição para a democracia.
No governo Lula, mandou mais do que na sua Presidência. Conseguiu até depor o governador Jackson Lago, que teve a ousadia de vencer nas urnas a sua filha. A sua cunhada, presidente do TRE, anulou a eleição e, pior, obteve a chancela do TSE.
Contudo, não há farsa que perdure na história. O que foi revelado pela mídia nacional não é nenhuma novidade para os maranhenses. Lá, o rei está nu há muito tempo.
No encerramento do semestre legislativo, Sarney discursou para um plenário vazio. Não houve palmas ou apupos. Desceu e caminhou pelo corredor, silenciosamente. Nas galerias não havia um simples espectador. O velho oligarca estava só. Parou e, como se dissesse adeus, dirigiu-se para seu gabinete: a tragicomédia está chegando ao fim.

MARCO ANTONIO VILLA, 54, é professor de história da UFScar (Universidade Federal de São Carlos) e autor, entre outros livros, de "Jango, um Perfil".



sexta-feira, 24 de julho de 2009

Produção


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E a falta dela Lamento a ausência, mas as atividades cotidianas me têm me mantido constantemente ocupado. Da mesma forma como muita ideias novas me visitam frequentemente, elas vão embora: rapidamente. Preciso avaliar um método para não desperdiçar algum lampejo de ideia, comprei até um diário que até agora está vazio!
Droga...
Bom, por enquanto é isso. Pelo menos não fica mais a impressão que meu último post foi sobre Michael Jackson. Minha vida não se resume à isso, tampouco meu blog.
Fico muito curioso pra saber quem visita meu blog... um dia eu descubro.

sábado, 4 de julho de 2009

Michael is NOT dead!


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Nas últimas semanas os diversos tablóides, dos mais sensacionalistas aos mais céticos, divulgaram a morte do Rei do Pop, Michael Jackson, noticiaram diversas manifestações de fãs claramente emocionados com a notícia e como já era de se esperar, famigeraram diversas teorias conspiratórias em torno de seu falecimento. Os inumeráveis hits lançados pelo astro ao longo dos seus 40 anos de carreira retornam com força previsível após a notícia e ressoam por toda parte nos rádios, televisores, e na boca dos que pelo menos uma vez sentiram-se eletrizados por suas canções. Em uma semana 9 milhões de discos foram vendidos, suas músicas foram as mais tocadas em rádios pelo mundo todo, e seus clipes os mais vistos.
Para esse ano foi organizado o retorno do atro aos palcos em 50 shows na cidade de Londres com os ingressos esgotados, reerguendo os tablóides, ácidos como nos últimos 15 anos, empenhados novamente em enfraquecer a imagem da lenda da música pop. Como sempre-tratando-se de Michael- a imprensa apenas o fez mais forte ressurgindo mais uma vez das cinzas. E nessa série de reencarnações que o astro tornou-se mais uma vez o centro das atenções. Com a notícia de sua morte os compradores dos ingressos para os shows do ídolo foram informados que teriam seu dinheiro de volta, porém muitos preferiram ficar com os ingressos, afinal, nunca se sabe: será que ele voltará? Recentemente foi divulgada a venda dos 170mil ingressos para o velório de Michael Jackson, realizado no palco onde seriam os shows esse ano, e como era de se esperar, já foram esgotados.
Diante de um personagem tão midiático, todas as notícias tornam-se questionáveis e crer cem por cento em suas meias-verdades é um passo arriscado. Michael soube brincar com a mídia, e mais uma jogada de marketing torna-se mais uma opção para explicar como um ser tão único, lúdico e fantástico foi morrer de forma tão banal, sem uma morte digna de suas polêmicas. Michael Jackson is NOT dead! Não me surpreenderei, nem me cagarei nas calças quando, diante das lágrimas e suplícios de fãs o grande ídolo ressurja de dentro de esquife de ouro e veludo ao som de clássicos. Thriller seria óbvio demais. Não combina com Michael.