segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

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trecho de desabafo natalino

Falando nisso, não tenho mais que provar essa comida, que rir das mesmas coisas; não preciso achar bela qualquer lembrança infeliz; vá tudo à merda.

natal

pensamentos de uma família tipicamente natalina

1. não podemos esquecer que estamos celebrando o nascimento do menino;
2. eu chuparia as bolas do menino;
3. (...)
4. somos todos anjos, me perdoe, e perdoe meu poodle. E os pobre;
5. É... Irado;
6. Odeio pobres;
7. bzzzzz.... bzzzz;
8. ave maria...
9. panosso questásnocéu, santificadose o nosso nome;
10. dor na costa;
11. amém.

alento

nota de quem lhes fala, em seu aniversário

tem gente que chama isso que nós temos de talento. Mas é uma necessidade, simples e gutural, de cuspir pra fora isso tudo antes que se desgrace tudo o que temos por dentro. É, na verdade, nossa fraqueza: de não tolerar essa tremenda dor.

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trecho encontrado colado na rua em dia de chuva

não é talento. Simplesmente pois não são todos que precisam colocar para fora; são uns brutos.

página 1

transcrição de papel solto dentro de bolso

eu vou embora, para sempre, deixei o barco ir, segui em frente; hasteei velas, recolhi âncoras, troquei a tripulação, cortei gargantas; botei as coisas pra fora, nada mais importa, fechei as cortinas, janelas, fui embora.
como ia ser bom ter um bulldog, pato, papagaio; viajar, errar caminhos, fazer desenhos nas nuvens, ver os dias passar; dividir um lanche, conta do banco, histórias ou um refrigerante; tomar chuva, chá, chocolate, sorvete de pistache; vontade de ter, como se tivesse visto crescer; não existo, insignificante, um qualquer, um meliante; discrepante alguém neste instante pensar em ser a mesma ovelha negra

vou lembrar dos dias que vivi em sociedade, achei uma garota, mais ou menos da minha idade; lembro de seu sorriso, do seu cabelo comprido; seu abraço, um gesto de amizade.
uma loucura, um acesso, um devaneio, me arrependo, foi mal, errei feio.