quinta-feira, 17 de junho de 2010

Todo o Bem do mundo



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Agathón. O que é bem, o Bem, um princípio supremo, summum bonun. A busca incessante do indivíduo pela satisfação; no campo inteligível, a verdade e razão; no campo sensível a luz e seu senhor, o Sol. Sobre a verdade e a razão que paira a discussão do limite do Bem como objeto dependente do logos, fundamental para a perpetuação do raciocínio e, por extensão, da razão. Pari passu, sobre a luz e sua origem, paira um grande breu, tanto no campo físico, pela total verticalidade das cidades, quanto na falta de luminosidade no pensamento e raciocínio contemporâneo.

O filme trata justamente do Bem social, tido por muitos filósofos como a razão e o raciocínio, em um mundo fantástico metaforicamente representado pelos livros. A “cidade-livro” é um exemplo do agathón urbano, onde o logos e os cenários urbanos acontecem simultaneamente em um espaço comum. Contudo, o contraste com a realidade percebe que, embora haja razão atualmente, ela encontra-se reclusa a um cenário paralelo das cidades. Como bem podemos observar, o conhecimento está aprisionado em instituições paralelas à realidade da grande maioria dos transeuntes, inacessíveis a essa parcela da sociedade.

Essa segregação é explorada no vídeo, ao construir um paralelo entre a “cidade-livro” e o cenário metropolitano atual. Evidenciando a harmonia entre o cidadão, a cidade e o conhecimento, o livro permite a criação de um cenário urbano que suporte essas três dimensões do Bem discutido no filme. Em gritante contraste, o perfil da cidade contemporânea não agrega tal tridimensionalidade, deixando lacunas em branco na composição do agathón.

A visão platoniana do Bem, como “aquilo para que todas as coisas tendem”, é explorada no final do filme, com a elevação da câmera, em um sentido otimista sobre toda a “falta do Bem” explorada durante os 4 minutos e 40 segundos de filme. Se aquele universo da realidade, paralelo à razão, é a tendência para que a sociedade se dirige, este é o sentido do Agathón na cidade contemporânea. Desse modo, traduzo o conformismo e a simplicidade adotada na maioria das decisões e reflexões atuais como sendo tudo o que é bem, e o princípio supremo da sociedade contemporânea.

Assim sendo, será que o Bem como primeiramente idealizado inexiste na cidade? Ou a restrição à razão e ao conhecimento é o Agathón, a tendência das coisas?

Nota do autor: Talvez o baixo aprimoramento técnico e o curto prazo para edição fizeram do meu vídeo uma grande interrogação para todos os presentes na exibição. Faz-se necessário ressaltar a expectativa criada, durante a exibição, por filmes com teor humorístico. Dessa forma, uma apresentação experimental passa a assumir um tom relativamente austero que pode ter causado alguma má impressão. Mesmo assim, pude captar enquanto tocava que a experiência de musicar um vídeo sobrepondo sonoridades torna tudo mais confuso, como a cidade em que vivemos, Bem ou Mal...

5 comentários:

Anônimo disse...

André,
apesar do baixo aprimoramento técnico, o video ficou mto bom!
faltou a ficha tecnica.. os creditos...
vc fez tudo sozinho?
a ideia toda é sua? achei impressionante!
poxa vc é ator, diretor, editor, autor e fotografo? mais alguma coisa? hahahaha
ficou mto bom!
beijos

Anônimo disse...

PS: adorei as texturas e cores das paredes no inicio!

André R. disse...

sim, titi... fiz tudo sozinho

Anônimo disse...

Nossa...
Parabéns!

Comentador Fiel disse...

Achei a proposta do filme bem interessante, mas em alguns momentos achei que houve uns pequenos exageros com trechos que pouco contribuiram para o conjunto.

Devo destacar que a iluminação, a técnica, trilha sonora e o modo como acaba o vídeo foi sensacional.