sexta-feira, 23 de julho de 2010

Enxadrado


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É um desafio antes de tudo sair escrevendo assim sem muita razão. Acho que já errei, na verdade, agora a pouco esse ponto final veio como uma vírgula, e esse período já nasceu de um erro. É como se eu estivesse jogando xadrez: cada movimento se pauta nos movimentos futuros do adversário. Sempre foi assim, nunca foi tão fácil quanto a gente conseguia fazer. É um grande desafio, sim; antes de tudo saber por que raios eu coloquei um ponto-e-vírgula agora a pouco. Raios, sempre perdi no xadrez pro meu irmão, estou agora apanhando de você. Esse jogo é muito mais seu do que meu. E esse texto tão insoso e sem razão de ser é só mais um exemplo de que eu perdi a batalha. Aljubarrota. Eu Português, você Espanhola! Ahá! Touché! Olé! E o ponto-e-vírgula que eu esqueci ali atrás? Não é fim, nem começo. Parece tanto com a gente. Falando de a gente, eu sempre lembro de "agente", e hoje sei a diferença muito bem, dagente e de agente; ou de agente e de a gente; quanta gente no fim, não é mesmo? E pra que tanto lero lero, falando de tanta baboseira, se no fim acaba tudo no xeque-mate? E o maldito ponto-e-vírgula devia ser extinto, ou a gente tem uma pausa pra respirar ou termina logo com isso. Céus! Chega! Já me sufocou essa brincadeira de escrever sem pautas, sempre fui péssimo com caligrafia, e escrever em linhas tortas nunca significou nada para mim além de uma lembrança constante da minha tremedeira. Já você me lembra daquela época que passava correndo pertinho de mim, ventando meu cabelos, e parava destruidora nos outros. Eu me sentia protegido, e um pouco delicado. Só agora que eu vejo que cada vez que você passava, ardia um pouco, sangrava um pouco, de tão cortante e incisiva; cortou tanto que hoje calejou grande parte do meu espírito pioneiro. De pioneiro não resta mais nada: meu alazão foi-se embora, minha armadura enferrujada no canto, meu fiel escudeiro está bêbado, e vendi minha alma ao demônio em troca de uma bela mulher; que fugiu com meu irmão. Estou só. Só.

3 comentários:

Anônimo disse...

o ponto e vírgula muitas vezes nos confunde.. realmente nao sabemos se tem uma pausa pra respirar ou acabou e pronto, mas as vezes eu gosto de saber que existe esse tal de ponto e virgula, justamente por saber que não é fim, nem começo, e que nós é que escolhemos o seu uso! Afinal, se quiséssemos que as coisas fossem mais fáceis, optaríamos por apenas ponto final, ou a simples vírgula.

lindo texto dé, amo vc!

André R. disse...

isso ai kika! Captou bem a mensagem, linda!

Comentador Fiel disse...

Seria o ponto e vírgula mais um fruto da vontade humana de criar um meio termo para aquilo que não pode decidir?