quinta-feira, 24 de novembro de 2011

espuma-me como espuma o seu



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Minhas memórias tem a qualidade de espuma. De natureza indefinida, inusitada ou desinteressante a espuma é um borbulho efêmero e sem origem justificada. A sua origem a faz não ser; e sua existência provoca seu fim. Não há o estado espuma da matéria, nem tampouco elementos espumas na natureza; seu nascimento é uma "espumação" da matéria consumada. Está envolvida no constante processo de fim, já que logo após espumar, a matéria exerce o esforço desespumidificante, que resulta em sólido, gás, líquido, ou qualquer não espuma.
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Intimamente ligado com a composição da matéria-espuma o vazio exerce a pressão interna responsável por adicionar seu caráter efêmero. Essa formatação do espaço vazio é muitas vezes confundida com as bolhas de natureza inerte.
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Todos temos algo de vazio em nossa composição, seja o espaço entre nossos átomos, células; nossa mente vazia, mãos vadias; temos o vazio no peito; copo, prato; a boca vazia; e mesmo assim, o vazio no olha é o único capaz de esvaziar a realidade.
A espuma está presente no processo, da ferida púrula à boca rouge.
Minha boca cheia de espuma

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